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Presa por suspeita de envenenar bolo no RS pesquisou arsênio na internet, diz Justiça

Mulher é suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. Deise Moura dos Anjos, suspeita de enve...

Presa por suspeita de envenenar bolo no RS pesquisou arsênio na internet, diz Justiça
Presa por suspeita de envenenar bolo no RS pesquisou arsênio na internet, diz Justiça (Foto: Reprodução)

Mulher é suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. Deise Moura dos Anjos, suspeita de envenenar bolo que matou três pessoas no RS Divulgação A mulher presa por suspeita de envenenar um bolo que causou a morte de três pessoas da mesma família em Torres (RS), Deise Moura dos Anjos, pesquisou na internet sobre arsênio antes do caso, confirmou à RBS TV o Tribunal de Justiça (TJ) do RS. De acordo com o TJRS, um relatório preliminar dos dados extraídos do telefone da suspeita mostra que houve "busca na internet, inclusive no Google shopping, pelo termo arsênio e similares". Arsênio é um elemento químico liberado no ambiente de maneira natural ou pela ação do homem. Também é usado na fabricação de alguns pesticidas. A exposição ao arsênio pode causar intoxicação alimentar, reações similares a alergias, câncer em casos de exposição recorrente e até a morte 📲 Acesse o canal do g1 RS no WhatsApp O envenenamento por arsênio foi a causa da morte de três mulheres da mesma família após comerem um bolo, em 23 de dezembro de 2024 (saiba mais abaixo). Deise é nora de Zeli dos Anjos, que preparou o bolo. Ela foi presa temporariamente no domingo (5) por suspeita de ser a responsável pelo crime. Ela está detida no Presídio Estadual Feminino de Torres e responde por suspeita de triplo homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e com emprego de veneno e tripla tentativa de homicídio duplamente qualificada. A prisão tem validade de 10 dias – prazo que deve ser usado pela polícia para concluir a investigação. A defesa de Deise informou, na segunda-feira (6), que prestou atendimento à cliente e não teve acesso integral à investigação em andamento. Veneno na farinha, diz IGP De acordo com Marguet Mittman, diretora do Instituto-Geral de Perícias (IGP), a fonte da contaminação foi a farinha usada para fazer o bolo consumido pelas vítimas. "Foram identificadas concentrações altíssimas de arsênio nas três vítimas. Tão elevadas que são tóxicas e letais. Para se ter ideia, 35 microgramas já são suficientes para causar a morte de uma pessoa. Em uma das vítimas, havia concentração 350 vezes maior", diz Marguet. De acordo com Marguet, foram coletadas 89 amostras na casa de mulher que fez o bolo. Uma amostra, de farinha, apresentou a concentração de arsênio. 'Intenção de cometer crime', diz polícia Coletiva de imprensa do caso do bolo envenenado em Torres Vítor Rosa/RBS TV O delegado Marcus Vinícius Veloso, responsável pela investigação, afirmou em coletiva de imprensa nesta segunda de que são "robustas as provas que apontam que ela (Deise Moura dos Anjos) é a autora [dos crimes]". No entanto, não divulgou detalhes das provas, inclusive o motivo para o crime, porque isso pode atrapalhar a investigação. "Ela teve a intenção de cometer o crime. Foi um crime doloso", afirma o delegado Veloso. A Polícia Civil investiga, ainda, quem era o alvo de Deise ao envenenar o bolo, como ela obteve arsênio e em que momento ele foi colocado na farinha. Os envenenados As três pessoas que morreram após consumir o bolo são: as irmãs Neuza Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva, e a filha de Neuza, Tatiana Denize Silva dos Anjos. De acordo com o último boletim médico, a mulher que preparou o bolo, Zeli dos Anjos, de 60 anos, está hospitalizada em estado estável. Nesta segunda-feira (6), ela deixou a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). A criança de 10 anos que também comeu o bolo recebeu alta do hospital na sexta-feira. Entenda quem é quem no caso do bolo em Torres Gosto estranho As pessoas que consumiram o bolo notaram um gosto estranho ao ingerir o doce, segundo o delegado Marcus Vinícius Veloso. Um sabor apimentado e desagradável foi percebido logo nos primeiros pedaços. Zeli chegou a interromper o consumo ao perceber as reclamações. "Tão logo o menino de 10 anos comeu e também reclamou do sabor, ela meio que colocou a mão assim em cima do bolo, [e falou] 'e agora ninguém mais come'. E as pessoas começaram a passar mal naquele momento", diz o delegado. O marido de Neuza, que não comeu o bolo, não apresentou sintomas. E o marido de Maida, que comeu, foi hospitalizado mas já teve alta. Os nomes deles não foram oficialmente divulgados. Relembre o caso De acordo com a Polícia Civil, sete pessoas da mesma família estavam reunidas em uma casa, durante um café da tarde, quando começaram a passar mal. Apenas uma delas não teria comido o bolo. Zeli, que preparou o alimento, em Arroio do Sal e levou para Torres, também foi hospitalizada. Três mulheres morreram com intervalo de algumas horas. Tatiana Denize Silva dos Anjos e Maida Berenice Flores da Silva tiveram parada cardiorrespiratória, segundo o hospital. Neuza Denize Silva dos Anjos teve como causa da morte divulgada "choque pós-intoxicação alimentar". O que é arsênio, substância encontrada no sangue da família Segundo o delegado Marcus Vinícius Veloso, Zeli foi a única pessoa da casa a comer duas fatias. A maior concentração do veneno foi encontrada no sangue dela. O que é arsênio Exames identificam arsênio no sangue de pessoas que comeram bolo Conforme André Valle de Bairros, professor de Toxicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o arsênio é o elemento químico, enquanto arsênico é denominado para o composto trióxido de arsênio. "O arsênico trata-se da forma mais tóxica. A partir de 100 mg é possível a morte de um indivíduo adulto. Geralmente, o arsênico está na forma de pó e não tem cheiro ou gosto. Apesar de ter sido usado como raticida, esta droga pode ser empregada para fins de tratamento oncológico em pacientes com leucemia promielocítica aguda e é comercializada como Trisenox", explica o especialista. Bairros assinala que arsênico é proibido de ser comercializado no Brasil como raticida e o uso como agente quimioterápico é restrito. "O arsênio é um elemento de alta toxicidade conhecida pela humanidade e sempre houve um certo temor. Há locais no globo terrestre ricos em arsênio, e isso contamina fontes de água. Mas é algo que precisa ser muito investigado. Há literatura científica, e de fato, há essa contaminação em leite, carne e frutas, porém, o fato de estar expostos a concentrações maiores de arsênio não significa necessariamente uma intoxicação", acrescenta. VÍDEOS: Tudo sobre o RS O delegado Marcus Vinícius Veloso